22 de mar. de 2009

O Único Post deste Blog

O tempo vai passando e a gente que posta sabe que alguns dos posts mais importantes vão sumindo no meio dos arquivos, numa avalanche de nossa fúria blogueteira. O que é importante vai cedendo lugar ao que é mais novo, e assim é o mundo do blog.

Por outro lado, eu queria contar uma coisa que me aconteceu noutro dia: estavamos eu e mais dois alunos na Poli. Eles faziam prova e eu sem o que fazer entrei no site do Nassif, onde fiquei sabendo da notícia no post abaixo. Na saída não contive meu ultraje e comentei com meus alunos que são colombianos. Eles nem faziam idéia do que eu estava falando. Corrupção? Na Colômbia os denunciantes já estariam mortos - me disseram. Fora isso, a reação à informação foi similar àquela que eu já ví muitos brasileiros, amigos meus, fazerem: "é sempre a mesma coisa..."

Por de trás dessa atitude de "é sempre a mesma coisa" se escondem, cristalizados, anos, gerações de submissão, de uma sensibilidade treinada a não prestar muita atenção por que "é sempre a mesma coisa..." "desse mato nunca sai coelho.."

Eu fiz um esforço de explicar para meus alunos que as coisas estão mudando, que denúncias e investigações como essas são coisa nova no Brasil, e se por um lado, as máfias instutuídas há décadas conseguem muitas vitórias, há algo de novo e tenho esperanças de mudanças a longo prazo. E mesmo que as minhas esperanças se frustem, eu ainda prefiro sofrer em ficar sabendo do que aceitar o que diz a Veja como uma bobinha ingênua.

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O Único Post

Para todos aqueles que vivem no Brasil e estão meio perdidos entre Veja, Satiagrarra e grampos, eu gostaria que este post fosse o único, que ele estivesse sempre como o primeiro post que surge ao se abrir o blog, pois sua importância é imensa.

O que está acontecendo no Brasil? Como o jornalista Jailton de Carvalho explica melhor, copio aqui um resumo das palavras deles em programa censurado por Gilmar Mendes, e assino em baixo.


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“O que incomoda mais, pra muita gente é a atuação da policia federal. Esse ataque ao Paulo Lacerda, ao Protógenes e a outros setores da policia federal na verdade tem um objetivo: que é acabar com as grandes operações de combate á corrupção da policia federal. Em 2004 foi quando o país tomou conhecimento que a policia federal estava fazendo grandes operações de combate à corrupção, que a policia não estava mais restrita ao combate ao narcotráfico. Até 2002 a policia federal era a policia de combate ao narcotráfico: (referindo-se às manchetes) “tantas toneladas de maconha...” ai tinha aquela queima. O grande ápice da policia federal era queimar toneladas de drogas, com o ministro da justiça presente, e isso era o grande acontecimento da policia federal. Depois ela mudou: começou a combater corrupção. Em 2004 começou a descobrir relações entre o crime organizado e alguns advogados. E ai a OAB reagiu contra isso: não pode filmar, não pode divulgar fotos de presos, não pode algemar. Essa discussão começou com a OAB, principalmente em São Paulo, e ai o ministro Tomás Bastos, Paulo Lacerda, até fizeram uma cartilha, um procedimento interno regulando o uso de algemas, fotografias. Ai depois teve o seguinte: não pode mais levar presos de colarinho branco no camburão... é uma humilhação, é um constrangimento, É uma ofensa aos direitos humanos. Ai houve o seguinte: tudo isso não teve o efeito de acabar com as grandes investigações de combate à corrupção, e ai começou a se atacar as escutas telefônicas.”
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Concordo com Jailton de Carvalho: o que está ocorrendo não tem a ver com a Satiagrarra especificamente. Como Leandro Fortes aponta, no mesmo programa, há diversas outras investigações contra corrupção ocorrendo neste momento, então por que a Satiagrarra foi eleita pra levar pau? Também não tem a ver com um monstro chamado Daniel Dantas – não especificamente. O que está acontecendo de novo e importante no Brasil deste começo de milênio é o fato de a polícia estar montando um combate à corrupção – talvez não a polícia unida, como um todo, mas grupos dentro dela. E de estar sendo suportada por algumas instâncias menores do poder jurídico. O fato de que essa operação específica atinge e incomoda o ministro do Supremo faz dela o alvo preferencial.


Copio aqui os links para a entrevista completa
parte 1
parte 2
parte 3

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