22 de mar. de 2009

Centenário de Dom Helder

Copio aqui trecho do texto de Luiz Alberto Gomés de Sousa em homenagem ao centenário de Dom Hélder Câmara

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"Nesses primeiros anos em Recife, começo da ditadura, acolheu perseguidos políticos, visitou prisões e levantou sua voz de protesto. Os militares não se animaram a prendê-lo, mas torturaram e mataram um de seus sacerdotes mais próximos, o Pe. Henrique Pereira Neto, assistente dos jovens na diocese. Seu corpo, terrivelmente mutilado, foi encontrado num campo da periferia. D. Hélder sofreu muito e sentiu que era a ele que queriam atingir através do Pe. Henrique. Por esse tempo, Gustavo Gutiérrez terminava seu livro clássico Teologia da Libertação e a dedicatória foi a esse sacerdote-mártir.

D. Hélder, fiel ao pacto das catacumbas deixou o Palácio de São José de Manguinhos e foi morar nos fundos de uma velha igreja, a Igreja das Fronteiras, em dois cômodos, sozinho e sem proteção. Lá o iria ver, numa noite escura, um rude sertanejo que lhe entregou, chorando, a faca com que tinham encomendado sua morte."

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Dom Hélder, o senhor que está ai ao lado esquerdo de Sto Marx (Sto Marx só tem lados esquerdos, é verdade) ofereço em sua homenagem a canção Les Temps des Cerrises - clique aqui, Dom Hélder - e não ligue pras imagens- esta é uma canção que tem grande importância pela interpretação que teve durante a Comuna de 1866 1871. Abaixo a letra:

Quand nous chanterons les temps des cerises
Et gai rossignol et merle moqueur
Seront tous en fete

Les belles auront la folie en tete
Et les amoureux du soleil au cœur
Quand nous chanterons le temps des cerises
Sifflera bien mieux le merle moqueur

Mais il est bien court le temps des cerises
Où l'on s'en va deux cueillir en revant
Des pendants d'oreilles

Cerises d'amour aux robes pareilles
Tombant sous la feuille en gouttes de sang

Mais il est bien court le temps des cerises
Pendants de corail qu'on cueille en revant

Quand vous en serez au temps des cerises
Si vous avez peur des chagrins d'amour
Evitez les belles

Moi qui ne crains pas les peines cruelles
Je ne vivrai pas sans souffrir un jour
Quand vous en serez au temps des cerises
Vous aurez aussi des peines d'amour

J'aimerai toujours le temps des cerises
C'est de ce temps-là que je garde au cœur
Une plaie ouverte

Et Dame Fortune, en m'étant offerte
Ne pouura jamais fermir ma douleur
J'aimerai toujours le temps des cerises
Et le souvenir que je garde au cœur


E a minha tentativa de tradução:

Quando cantaremos o tempo das cerejas
e o cordial rouxinol e o melro zombador
estarão todos em festa

As beldades serão insanas
e os amantes com o sol em seus corações
Quando cantaremos o tempo das cerejas
Cantará melhor o melro zombador

Mas é bem curto o tempo das cerejas
Onde vão colhê-las nos sonhos
os brincos

Cerejas de amor com as mesmas vestes
caem sobre as folhas em gotas de sangue

Mas é bem curto o tempo das cerejas
pendantes de coral que colhemos nos sonhos

Quando vocês estiverem nos tempos das cerejas
Se vocês tiverem chagas de amor
evitem as belas

Eu que não temo os sofrimentos cruéis
Eu não viverei sem sofrer um só dia
Quando vocês estiverem nos tempos das cerejas
terão também sofrimentos de amor

Amarei para sempre os tempos das cerejas
são desde aqueles tempos que guardo no coração
uma ferida aberta

E a Senhora Fortuna, a mim oferta
não poderá jamais cessar minha dor
Eu amarei sempre os tempos das cerejas
É o suvenir que guardo no peito
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P.S: vai sair um filme sobre Dom Hélder ou já saiu, algo assim.

7 Comentários:

Blogger Hugo Albuquerque disse...

Flavia,

Grande lembrança; O grande Dom Helder marcou muito meu querido estado de Pernambuco e a história do Brasil. Bons tempos aqueles em que o catolicismo brasileiro tinha gente do nível dele ou de um Dom Paulo Evaristo Arns - hoje recolhido após a aposentadoria como cardeal. Hoje temos novamente a figura de uma Igreja rancorosa após os anos de obscurantismo de um João Paulo II e agora com um Bento XVI, mas é a velha contradição: A Igreja é ao mesmo tempo católica e romana, as vezes é possível conciliar, muitas vezes não.

22/3/09  
Blogger Unknown disse...

Flavia, fiquei fissurado pra ver esse filme. Adorei a cena dele jogando fliperama, passa uma energia pessoal ótima. Sempre o admirei pela atuação durante a ditadura, mas não conhecia asoutras facetas.

22/3/09  
Blogger flavia disse...

Eu também, Mauricio. Se vc descobrir como e onde me alerte, pelamor de São Engels.

Ele também escreveu uma sinfonia chamada "Sinfonia dos Dois Mundos", com Pierre Kaelin, que eu gostaria muito que fosse apresentada aqui em São Paulo, na verdade, no Brasil inteiro. vê http://www.youtube.com/watch?v=6a6z_bpeWAs

Hugo, concordo contigo. As mais novas tendências da igreja nestes tempos não são nada alentadoras...

22/3/09  
Anonymous Anônimo disse...

Houve um tempo em que a Igreja parecia querer ser mais humana, rompendo com séculos de apoio aos poderosos e a uma moralidade perversa. Infelizmente a eleição de Jõao Paulo II, um Papa traumatizado pelas barbaridades cometidas pelo governo comunista da Polônia e via nos discursos de esquerda, que na verdade falavam de justiça social, apoio a ditaduras como a de seu país. Em sua cruzada contra o comunismo ele minou, calou e fragmentou os setores mais progressistas da Igreja. JP-II não representou apenas um freio para o processo de modernização da Igreja, mas uma tremenda marcha à ré.

Para o lugar de D. Helder, JP-II colocou o atual arcebispo de Recife e Olinda,José Cardoso Sobrinho, o mesmo que no início do mês excomungou a mãe da menina de 9 anos, gravida de seu estuprador, e toa a equipe médica que realizou o aborto necessário para salvar a vida da menina.

O filme sobre D. Helder já saiu, se não me engano em 2006, e pode ser encontrado em DVD. Segundo o filme, D. Helder teria sido o anhador do Prêmio Nobel da Paz, em 1973, mas pressões norte-americanas levaram a Organização do Nobel a dar o Prêmio aos dois norte-americanos que costuraram o acordo para o fim da querra do Vietnan.

22/3/09  
Blogger flavia disse...

Edu,

Obrigada por avisar do filme. Vou procurar. Está na minha próxima lista, junto com Choices of the Heart e Salvador (indicações que peguei no post de Argemiro sobre El Salvador)

O João Paulo II foi com certeza uma marcha ré. Mas acredito que por que ele era reacionário mesmo - a questão do trauma com o regime não deve ter impedido que alguns polacos se tornassem de esquerda (de verdade), imagino.

bom, mas ai... é imaginação minha...

22/3/09  
Anonymous Anônimo disse...

Flávia,

Peço desculpa pelo texto do meu comentário. Reli agora e está horrível...É o que dá escrever direto na página.

Sobre João Paulo II, já ouvi (se não me engano de Leonardo Boff), que ele nunca entendeu que a Teologia da Libertação não fazia proselitismo para o comunismo.

Segundo um ex professor de Geopolítica, que atualmente está concluindo seu doutorado na USP, autores identificados com o pensamento de esquerda não são lidos nas universidades de países do leste Europeu, como a Polônia e a Rússia, pelo menos no curso de Geografia, com grave prejuízo _ do ponto de vista dele, claro! _ para o entendimento da Geografia Humana.

22/3/09  
Anonymous Anônimo disse...

De maneira alguma té ruim o comentário, Edu. Me pôs a pensar se tem intelectual de esquerda polaco... mas talvez eu só não conheça mesmo

23/3/09  

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