21 de jan. de 2007

Formas Rudimentares da Paixão

O olhar. Não os olhos. Penso que preciso me explicar. Quantas vezes eu, garota, com minhas colegas num passeio sem rumo... Elas procuravam ver e ser vistas. Eu ansiosa apenas por fazer parte da vida delas. Então, conforme o plano, passávamos pelos caras e eles... aos olhos dando o que às mãos cobiçosas...
Eu sempre com a certeza de que ninguém olhava pra mim (a timidez, sempre a timidez). E diziam "cê viu a cor do olho daquele cara?" (a frase era dita assim, com contração e no singular). Eu, tomada de dúvida, esperava pela resposta mais experiente das outras, enquanto, nervosa por não saber o que dizer no meu momento, pensava que não sabia a resposta porque ..."não vi". Hoje não sei bem se não via por não ter coragem de olhar (já disse que era tímida). Mas lembro que algumas vezes me senti capturada por um olhar. Um olhar que era capaz de romper a barreira da minha timidez e que com força irreal metia meus olhos de encontro aos olhos e contra o qual eu não tinha arbítrio. De novo então eu não via a cor (!) nessa brevidade em que o meu olhar desarmado descansava naquele olhar.

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